Caracterizar os grupos de mulheres imigrantes, de nacionalidade brasileira, ucraniana ou afrodescendentes (incluindo diferentes países africanos), para melhor conhecer o modo como, nas diferentes ilhas dos Açores, as mulheres imigrantes se integraram nas comunidades locais, nomeadamente ao nível do emprego, da habitação e do acesso aos diferentes serviços públicos (saúde, educação, proteção social);
Tratando-se de um território insular e considerando a dispersão da presença imigrante nas diferentes ilhas, (ver quadro anexo), existem certamente, estratégias particulares, em cada um destes territórios, de acordo com as características dos imigrantes e do contexto local.
Para além desta caracterização (quantitativa), que permitirá mapear o fenómeno da imigração no feminino, na Região Autónoma dos Açores, o projeto visa ainda:
2. Aprofundar (em termos qualitativos), o conhecimento sobre percursos de vida das mulheres imigrantes, na certeza de que uma abordagem científica, baseada na recolha de trajetórias de vida (Estratégia do Conselho da Europa para a Igualdade de género 2018-2023:25) permitirá identificar modelos de socialização, representações de género, papéis sociais e momentos críticos no processo de adaptação ao país/região de acolhimento, incluindo dificuldades e resistências, apoios e fatores facilitadores, tendo por base os projetos pessoais e as ambições, que cada uma destas mulheres transporta e protagoniza, no confronto com as condições e os recursos a que tiveram acesso na comunidade de acolhimento.
Considerando a invisibilidade do feminino nos estudos sobre imigração (Neves, Nogueira, Topa e Silva, 2016), pretende-se
3. Conhecer o modo como as mulheres imigrantes, vivendo na R. A. Açores, relatam a sua experiência de imigração, na primeira pessoa, assumindo, como referem os estudos recentes (Wall, K. e alter, 2005; Peixoto, Casaca e alter, 2006; Miranda, 2007; Topa, Nogueira e Neves, 2010), que nem sempre a mulher imigrante, em Portugal, se reduz à companheira ou à mãe de família, que fica na sombra de um homem provedor/trabalhador, mas em alguns casos, é ela quem imigra por opção individual (Wall, 2005).
De acordo com os dados publicados pelo SEF, Portugal tem registado uma feminização da imigração, facto que também se verifica na RAA. O principal objetivo do projeto visa conhecer e aprofundar a condição de mulher imigrante na RAA, particularmente, em três grupos populacionais: Brasil, países africanos e Ucrânia, abordando, desta forma, imigrantes de três continentes. O projeto irá caracterizar a população imigrante feminina (brasileira, africana e ucraniana) recorrendo inicialmente a uma metodologia quantitativa, através da aplicação de questionário, nos diferentes locais de atendimento de imigrantes. Posteriormente serão utilizadas metodologias de natureza qualitativa, nomeadamente, entrevistas em profundidade/compreensivas e focus group. Esta análise, em contexto insular, trará, temos a certeza, resultados capazes de serem projetados a nível nacional.